Drummond escreveu:
“Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida...”
Chico Buarque se identificou:
"Quando nasci, veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.."
E eu me desesperei:
Quando nasci, um anjo sarado
Cafajeste e sarcástico
Mascarado feito Arlequim
Em vez de falar, mandou recado:
Vai, Gisele! ser derrota até o fim
Pior: eu, errada
Nascida tão tarde
Cheguei atrasada na vida
Fiz prova pra vaga de canhoto
E nem assim fui escolhida
quarta-feira, março 08, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
10 comentários:
Eu tambem fiz prova , mas era canhota, e nao fui escolhida :-) Graças a Deus!!!!!!! hehehe
Eu acho que estamos em boa companhia, além de nem ter sido canhoto direito fui forçado a me adestrar, tenho duas mãos nenhuma esquerda, muito menos direita catástrofe geral.
Sejamos gauche sem medo
Salve os que não deram em nada!
Muito boa escrita, o poema.
Obrigada.
E, a propósito, aqui vai Camões:
O dia em que eu nasci moura e pereça
não o queira jamais o tempo dar
não torne mais ao mundo, e se tornar
eclipse nesse passo o sol padeça.
A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
a mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
as lágrimas no rosto, a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruíu.
Ó gente temerosa não te espantes
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!
O que escreveu tem muito a ver...
eu fiz essa prova tb... mas eu passei... vim canhoto!!!
saudades de vc!!!
bjinhos do Luuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
vem gisa, sejamos mis en scéne na vida! hahahahahahah
onde está você, hein moça?
quer dormir lá em casa, qualquer dia desse da semana?
bitoca no seu nariz!
Adorei este post! Sua adaptação ficou ótima! rs
Eu tb fiz a tal prova pra canhoto e tb fui rejeitada... Enfim, pelo menos a vida é mal distribuída e a gente se encontra pela vida, né?!
bjs
DIVAGAÇÕES
Novamente o sonho
E, outra vez, se voa;
Sempre tarde; coisa à toa
De um eterno irresponsável
Pela própria vida;
De um eterno displicente
Ante os próprios atos.
Futuro, presente, passado,
Deram nas cordas da harpa
A nota que veio tarde;
E o sonho, de igual forma,
Voou nas asas dementes
Desta chegança tardia.
Sempre o sonho,
Não mais que o sonho,
Chegando fora de hora:
Busco a tarde; já é noite
Me apronto prá noite; é dia...
Qualhada69
Postar um comentário