quarta-feira, abril 11, 2007

Febril

Minha febre já completa um mês. Baixa como sempre, oscilando entre 36.9 e 37.1, quase imperceptível, mas presente o tempo inteiro. Ontem fui no meu homeopata, já que o especialista do mês passado, os 10 dias de antibiótico e o uso de paracetamol não alteraram o quadro.

O homeopata também não soube dizer muita coisa. Solicitou exames, pediu que eu evitasse doces e me pareceu intrigado. Mas eu já não estranho. Estar febril virou rotina.

De leis da física e cenas de cinema

A Lei da Inércia é um engodo. Todo corpo tende ao repouso, mas tudo ao redor se movimenta. O repouso é uma falsa tendência do meu corpo, que vive do impulso de não perder momentos.

Na minha vida hão de caber todas as minhas inquietações. A idéia de que o tempo passa rápido não pode encontrar espaço. Lembrei das aulas de cinema: 24 quadros por segundo, velocidade normal. Pra câmera rápida, menos quadros por segundo. Câmera lenta, mais quadros. Não, não troquei as bolas. Quanto menos detalhes, mais rápido o fim de seja lá o que for.

Os dias acontecem no ritmo dessas cenas que resolvo encaixar em cada um deles. Tantos detalhes de sonho, decepção, cansaço, esperança e sentido em poucas horas que uma existência inteira cabe em 24 delas. Um dia, 24 horas: eis a convenção, o que não tem jeito. Um segundo, 24 quadros. Esse é o normal. Aprendo, então, a burlar o que parecia inalterável. Não engano o tempo pedindo mais horas no meu dia. A mim, me basta viver muitas vidas por segundo.