segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Por um espírito verde

Há um animal aqui. De repente me dei conta de que está grande, quase um monstro. Antes o crescimento era tímido, mas o tempo passou e já não suporto seu peso que me sufoca, seus dentes e unhas que me comem por dentro, me rasgam.

Nada disso. O monstro sou eu. Porque aprisiono o animal, porque o sufoco aqui dentro de mim, porque não o liberto. Porque atrofio suas unhas e dentes.

Que meu espírito seja corrosivo, faça buracos nesta carne podre e saia para fora, para uma liberdade que ainda desconheço. Porque só assim os frutos maduros que guardo aqui dentro poderão ser comidos, e então me tornarei mais leve e mais vazia, e pronta para me encher de um novo espírito, verde e criança.

6 comentários:

Qualhada disse...

Giselle, há vários dias abria diariamente sua página, na expectativa de nova mensagem. E você voltou com força. Não é o seu melhor texto, mas, mesmo assim, é um belo texto. Parabéns e abraços do Qualhada.

Qualhada disse...

Gisele, juro que foi obra do acaso, mas me senti presenteado com sua descoberta. Eu pesquisava alguma palavra chave no google e ele me remeteu para seu blog. Fiquei encantado com a força de sua redação, com sua visão de mundo. Aquela montagem de caixas num barzinho é uma imagem fortíssima! Daí passei a ler todo seu acervo. Conversei com um amigo filósofo - o Ximbica - que me falou como era fácil criar um blog. Criei o meu, influenciado por você. Veja que coisa mágica. Quanto à caricatura, foi encontrada na internet por outro amigo que brincou: "veja que cara parecido com você". Foi o bastante para eu decidir botá-lo, de onda, como meu retrato. Depois disso postei um retrato de verdade.
Abração e muita verve!
Qualhada

Confligerante disse...

Gi Maia, o último , ou seja, este texto está bem forte e queria eu saber seus motivos, dele. Você está voltando à poesia, e assim me vejo melhor, quer dizer, lhe vejo melhor, tenho saudades da digestora, sonho com a ressurreição.
Um abraço em você

Luciano indignado disse...

ai que medo!!!

heheehe
beijos

A digestora metanóica disse...

qualhada:
que coisa mágica, realmente. nem sei bem o que dizer, mas fico feliz de saber que fui uma "influência". sobre a ilustração, essa é mesmo a coincidência do século...preciso contar essa pra ele.

confligerante:
poesia? nem sei como se faz...
também sinto saudades da digestora. talvez precisamente porque ela tenha morrido em boa hora.
abraço em você também.

lu:
seus comentários só melhoram com o passar do tempo. hehehe
beijo em vc.

Gugu disse...

Gi, meu amor, me identifico com suas histórias por perceber o quanto são parecidas com as minhas (embora eu não saiba verbalizá-las e, na verdade, nem sempre as compreenda). Acho incrível como você entende a si mesma. Eu queria ser assim. Beijos.