terça-feira, novembro 21, 2006

Da estrela Clarice e a hora das minhas santas profanas

"Esse eu que é vós pois não agüento ser apenas mim, preciso dos outros para me manter de pé, tão tonto que sou, eu enviesado, enfim que é que se há de fazer senão meditar para cair naquele vazio pleno que só se atinge com a meditação. Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever. E - e não esquecer que a estrutura do átomo não é vista mas sabe-se dela. Sei de muita coisa que não vi. E vós também. Não se pode dar uma prova da existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar. Acreditar chorando."

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"Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho".

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Mais fragmentos de Clarice, dessa vez de A hora da estrela, que ainda não li todo. Recebi o livro por e-mail ontem, como presente virtual da Déia, que me escreveu:

"Estou assustada, no mais positivo sentido. Fiz download de Clarice naquele site e parece q estou lendo você. Lindo!
Beijos!"

Lindo que a Déia me veja assim. Muitas coisas eu sei de sentir antes de ler em quem sabiamente as escreveu. Não é assim sempre? Porque está dito. O espanto de identificação acontecera antes, com Miguel de Unamuno e Schopenhauer ultimamente, mas tantos outros antes. Tal sentimento não me pesa como vaidade, porque nasce de uma grande humildade. Quanto mais entendo que é tudo uma coisa só, mais muitas são as vozes que falam por minha mesma boca, ou falo por uso de outras bocas e vozes, porque minhas e outras dá no mesmo, inexistem iguais.

E que não me acusem de negar o colorido das diferenças, porque o nosso planeta, de tantas diferentes geometrias e formas de vida, cores e dores, no fim das contas é redondo e azul. E agora me lembro das feiras de ciências na escola, e de uma experiência: um disco de papel, ou papelão, pintado com duas ou três cores diferentes, colocado num suporte mecânico que o fizesse girar, resultava num disco de uma cor outra e única, revelada a partir da mistura, da velocidade. Daí nascem, da visita do homem à lua e da experiência dos tempos da meninice, nascem dois ensinamentos: algumas compreensões somente são possíveis com certas doses de distância e movimento.

2 comentários:

luciano_indignado disse...

Caraca Gi... juro que tentei ler, mas não entendi nada... deve ser pq são 10h da manhã e eu ainda não acordei.... heeheehehhe

vou tentar de novo mais tarde!!!
beijos

A digestora metanóica disse...

isso é grave...