― Mãe, caiu outro pedaço de carne na minha sopa...
― Ai, que merda ter filho leproso!
Lembrei da lepra exagerada das piadas infanto-juvenis de outros tempos. A graça vem caricatura da mutilação e, aí, as imagens mentais que se criam acabam neutralizando o nefasto. Pensando bem, é divertido imaginar alguém que larga seus pedaços por aí. E, no fim das contas, é o que todos fazemos: largamos nossos pedaços por aí, pelo caminho.
É isso. Acho que a vida é uma constante mutilação ― e não há doença nisso! A lepra se dá quando a gente fica voltando pra buscar pedaço carcomido, em vez de virar esponja, feito o Bob Esponja, e se reconstituir.
Aliás, isto das esponjas marítimas me intriga: se sempre se reconstituem, elas morrem de quê afinal? De cansaço de viver se reconstituindo, deve ser...
segunda-feira, julho 17, 2006
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